Em tempos de ganância, arrogância e divergências por motivos fúteis é sempre bom lembrar que o caminho para a paz é o amor. Por que parece ser tão mais fácil ir pelo caminho do ódio, do desrespeito, da desunião no mundo atual? Por o orgulho parece um muro intransponível que torna prisioneiro quem se fecha atrás de sua proteção? Algumas perguntas precisam de uma análise.
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Amor e empatia podem mudar nossas vidas
Hoje vamos falar sobre amor e empatia através de trechos de um artigo de Mônica Aiub, que se utiliza de ideias de Humberto Maturana.
“Do ponto de vista biológico, o amor é a disposição corporal sob a qual uma pessoa realiza as ações que constituem o outro como legítimo outro em coexistência. Quando não nos comportamos dessa maneira em nossas interações com o outro, não há fenômeno social. O amor é a emoção que fundamenta o social. Cada vez que se destrói o amor, desaparece o fenômeno social. Pois bem: o amor é algo muito comum, muito simples, mas fundamental” (Humberto Maturana e Gerda Verden-Zöller)
A concepção de amor proposta por Maturana é muito simples, trata-se de uma disposição corporal, natural e fundamental ao ser humano. É o que nos permite viver como seres sociais, é o que nos permite aceitar o outro sem exigências ou justificativas, é o que abre espaço à cooperação.
Nossa cultura enfatiza a competição, a ambição, instrumentalizando nossos atos e relações. Nos provoca a um distanciamento do presente, com a atenção sempre focada no futuro, em busca de sucesso. Tal postura é vista como a natural, como aquela que permite a sobrevivência de nossa espécie. Maturana tenta desconstruir essa ideia, mostrando que a ambição e a competição são fenômenos culturais, e que a leitura que os prioriza em prol da sobrevivência da espécie o faz a posteriori, ou seja, a partir de interpretações dos resultados últimos do processo evolutivo.
O amor sim, é natural e, portanto, sempre à primeira vista. A hipocrisia, por sua vez, é uma demonstração de amor e respeito ao outro, seguida de ações que a colocam em dúvida. Se amo, se aceito o outro como inteiramente outro, minha ação, minha postura diante dele revela isso e permite a socialização. Se finjo, minha postura, em algum momento, impedirá a socialização. Nessa acepção, o contrário do amor não é o ódio, mas a indiferença.
O grau de violência, de abuso, de opressão encontrados em nossa sociedade nos leva a questionar a possibilidade de vivermos algo parecido com o que nos provoca Maturana, nos torna cada dia mais anestesiados, indiferentes, distantes do amor e da possibilidade de socialização. Vemos o outro como um inimigo, o negamos para afirmar a nós mesmos, competindo por nossa destruição sem, ao menos, avaliar a possibilidade. O outro nos aterroriza e é, por nós, aterrorizado. Confiamos nesse outro? Em que medida? Se não confiamos, não o aceitamos como inteiramente outro e, portanto, não o amamos.
Vamos amar mais?
Se amamos, não competimos, compreendemos, aceitamos sua forma de ser, respeitamos sua legitimidade de ser o que é e como é, co-existimos nos construindo mutuamente, permitindo que o outro nos provoque movimentos e, simultaneamente, levando-o a movimentar-se, construímos modos de vida pautados na cooperação. Não precisamos de motivos, de justificativas para amar, simplesmente amamos, porque nossa natureza assim é.
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